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A cena é conhecida: um contato do WhatsApp lhe envia um áudio e você, justificando a falta de tempo do momento, escuta a mensagem na velocidade 2x. Contudo, seu comportamento se repete quando chegam outros áudios, mesmo naqueles dias que você está tranquilo. Falta de tempo ou intolerância?
Sem dúvida, o acelerador de áudios no WhatsApp revolucionou a nossa forma de comunicação, porém é preciso refletir sobre o impacto que esta ferramenta tem em nossa saúde mental. Em uma sociedade onde somos pressionados pelas tarefas diárias e compromissos, a pressa parece que tornou-se uma norma. Há uma sensação de que estamos perdendo tempo, daí o sentimento de urgência.
Neste cenário, a aceleração dos áudios, visto como praticidade por muitas pessoas, pode levar a uma sobrecarga cognitiva, resultando em aumento dos níveis de estresse e ansiedade. Esta aceleração do tempo reflete em comportamentos nada favoráveis, e nem sempre identificados facilmente pela própria pessoa, como impaciência e lapsos de memória.
A velocidade em que as mensagens são reproduzidas contribui para a perda de detalhes importantes, incluindo a entonação de voz, parte imprescindível em uma comunicação, resultando numa compreensão distorcida. Além disso, o uso frequente da função pode levar a uma escuta seletiva, negligenciando partes importantes e gerando interpretações parciais com risco de mal-entendidos.
É claro que esta ferramenta em algum momento nos auxilia e pode descomplicar nossa rotina, porém esta utilização deve ser feita com cuidado. Sendo a ansiedade um estado de alerta, acionado pelo nosso sistema nervoso central diante de algo que nos desafia ou que nos ameaça, à medida que sempre ouvimos áudios acelerados, nos aceleramos ainda mais em uma velocidade que é incompatível com o nosso ritmo psíquico e fisiológico. E pior: fazemos isso no automático, apesar das queixas, tornando um ciclo.
A pergunta que devemos nos fazer é: Para que tanta pressa se ela não se esgota, se sempre temos a sensação que estamos atrasados? Atrasados para quê? Para o quê?
Contudo, a aceleração do áudio no WhatsApp não é o vilão da nossa aceleração interna. Ela é parte. Como dito acima, somos reflexos de uma sociedade adoecida e, para muitos, a pressa é para ser reconhecido como o melhor, seja na carreira, nas relações afetivas, no corpo perfeito. Esta busca desenfreada tem se tornado um estado crônico, pois negligencia os próprios limites, causando sofrimento.
Em meio ao turbilhão de tarefas diárias, precisamos fazer escolhas racionalizadas do que de fato é relevante ou não. A consciência sobre o impacto na saúde mental é para impedir que a superficialidade nos domine. Créditos: Joselene L. Alvim- psicóloga.
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Fonte: G1