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O padrão de beleza, incansavelmente divulgado pela mídia, sugere um corpo esbelto, o que desperta nas pessoas uma excessiva preocupação com a imagem, fato que, inclusive, pode ser constatado pelo uso do photoshop que propõe uma perfeição estética, que na realidade é inatingível.
Desta forma, estar acima do peso numa cultura que privilegia o padrão de beleza magro, não é fácil. E quando se é criança este fato torna-se mais agravante, pois a autoestima dela ainda está em construção e quando pela discriminação, por estar acima do peso, ela é excluída das brincadeiras ou torna-se alvo de apelidos pejorativos, desenvolve com uma visão negativa de si mesma.
A população infantil está inserida, desde o nascimento, em padrões culturais de hábitos alimentares inadequados e irregulares, característica das sociedades industrializadas, com alta ingestão de alimentos calóricos, porém com pouco gasto de energia. Por isso, o impacto sociocultural no desenvolvimento da obesidade infantil tem despertado cada vez mais interesse nos pesquisadores.
Além dos fatores genéticos, hormonais e socioeconômicos, há outros que podem colaborar para o aumento de peso na infância. Um deles é a ansiedade dos pais. O choro do bebê, por exemplo, pode fazer com que os pais interpretem que ele está com fome e, assim, oferecem alimento deixando de perceber que o desconforto pode ser por outros motivos como frio, calor, dor, necessidade de atenção, etc. Com isso, a criança cresce com dificuldade de discriminar suas emoções e aprende a buscar na comida a solução para suas frustrações.
Outro fator é a falta de limites quanto a alimentação, uma vez que a criança, por não ter horários regulares para as refeições, belisca o dia todo ou ainda pais que, pela correria do dia a dia, não tem um estilo de vida saudável. Há também aquelas crianças que são premiadas com algum tipo de guloseima, como resultado do bom comportamento.
Crianças que sofrem situações estressantes como a morte de um ente querido, separações, ausência de um dos pais ou alguma mudança radical no dia a dia, podem buscar através da comida preencher o vazio emocional causado por estas situações, por não saberem lidar com as mesmas.
O excesso de peso na infância pode ser também decorrente da baixa autoestima, como citado no início, consequência do preconceito que algumas destas crianças sofrem, prejudicando seu desempenho escolar e social. Isto pode fazer com que a comida seja uma forma de suprir a emoção negativa, gerando um ciclo vicioso, levando muitas delas, mais tarde, a utilizarem métodos compensatórios para perder peso.
Quando é proposto aos pais psicoterapia, alguns reagem mal à sugestão, justificando que o filho é saudável, forte ou qualquer outra desculpa que impossibilite o autoconhecimento e o enfrentamento das emoções, nem sempre tão evidentes, envolvidas neste processo.
Se no ambiente familiar da criança não há um reforço da sua autoestima, valorizando seus aspectos positivos, possivelmente ela reagirá mal ao estigma social. Desta forma, o seu sofrimento emocional será intenso, já que a criança não consegue se defender como, na maioria das vezes, faz o adulto, o que a torna mais retraída e, algumas delas, até depressivas.
Cuidar da alimentação e do corpo é importante. Porém, a obsessão social para que este corpo seja magro como sinônimo de bem-estar é uma lógica tirana que mina a saúde mental em qualquer faixa etária.
Créditos: Joselene Alvim- psicóloga/neuropsicóloga